Quando falamos em Justiça Social, o que vem à cabeça? Na mente do administrador público e social, Lorenzo Dovera (28), as palavras dignidade, direitos e oportunidades estão intrinsecamente ligadas ao tema. Nascido na Itália, mas filho de pais brasileiros, o administrador reside na cidade de Porto Alegre (RS), onde fundou com sua mãe, Themis Dovera, enfermeira e professora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, um projeto voltado a oferecer dignidade e educação financeira às pessoas em situação de rua da capital gaúcha: Troque fome por flor.

Vencedor do 1º lugar na premiação Jovem de Impacto: Eu Sou!, promovida pela Economia de Comunhão no Brasil, em 2023/2024, o projeto já impactou mais de 300 pessoas e hoje conta com uma equipe de voluntários que conectam oportunidades e vulnerabilidades para construir um mundo mais justo, regenerativo e fraterno.

Um elo de fraternidade 

O ano era 2021, quando Lorenzo e sua mãe andavam pela cidade e notavam o aumento incessante de pessoas em situação de rua que levantavam cartazes escritos: “Estou com fome, me ajude”

Ele encerrava a graduação em Administração Pública e Social e decidiu focar seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) nessa realidade. Foi quando pensou em como poderia efetivamente colaborar para trazer mais dignidade para essas pessoas e transformar essas placas. Assim, nasceu o projeto “Troque fome por flor”.

“Começamos o projeto oferecendo balinhas para venderem no sinal. Mas, eles sentiam fome, então comiam as balinhas. O Dia das Mães estava próximo e veio a ideia da flor, como um presente. Demos mudas para a Cláudia, uma das mulheres em situação de rua, e ela conseguiu vender. Daí, vimos que a ideia era aplicável”.

Lorenzo Dovera

Administrador Público e Social, Fundador do projeto Troque fome por flor.

A partir da Cláudia, começaram a identificar que os albergues eram bons pontos de encontros para oferecerem as mudas, porque as pessoas saíam de lá às 5h30 e passavam o restante do dia aguardando à noite para retornar, sem exercer nenhuma função. 

Segundo Dovera, a falta de oportunidades para essas pessoas é um reflexo da terceirização da Assistência Social na capital gaúcha. Albergues são fundamentais para o acolhimento, mas é necessário dar continuidade, oferecendo aulas e oportunidades para começarem uma nova vida.

Hoje, o trabalho vai além das flores. Se uma pessoa diz “Preciso ir ao médico”, então indicam um hospital. “Quero estudar”, encaminham para a escola e conversam com a diretora para acolher. “Quero voltar a ter carteira assinada”, montam um currículo. “Quero sair da rua”, então encaminham para o aluguel social.

A ideia é ser o elo das políticas públicas, ser um elo de fraternidade. Queremos reafirmar que cada um deles é um cidadão e uma cidadã que pode e deve usufruir de seus direitos”, enfatiza.

Lorenzo Dovera

E como funciona a venda das mudas?

Cada muda custa R$1,00, mas o(a) morador(a) em situação de rua paga R$0,50. A outra metade é paga com doações de empresários e voluntários. Se ele(a) conseguir levar R$1,00 real no próximo sábado, ele(a) pega 4 mudas, para mostrar o comprometimento. 

O administrador explica que essa proposta promove a educação financeira e ainda colabora para que a equipe responsável possa adquirir mais mudas e atender mais pessoas que precisam de renda.

“Assim, fugimos do assistencialismo e ajudamos a desenvolver uma noção de crescimento e de apoio entre eles”, conclui.

Apoie o projeto 

Todos os sábados, às 11h, Lorenzo e uma equipe de voluntários encontram-se no Viaduto do Brooklin, em Porto Alegre (RS), onde há distribuição de marmitas, atendimento veterinário e médico, além de apresentação de palhaços e o apoio de diferentes profissionais. 

Se você estiver na cidade, pode se voluntariar. Basta comparecer ou entrar em contato previamente para oferecer um suporte específico. Entre em contato pelo perfil do Instagram @troquefomeporflor

Para doações em dinheiro, colabore por meio da chave PIX: troqueafomeporflor@gmail.com.

Sobre a Justiça Social 

Embora seja um conceito enraizado em códigos legais, doutrinas e filosofias, a realização prática da justiça social é, muitas vezes, desafiadora. Sua efetivação exige não apenas a promulgação de leis e políticas inclusivas, mas também uma mudança cultural e estrutural profunda. 

Isso requer o engajamento ativo de instituições, organizações da sociedade civil e indivíduos, adotando medidas concretas para promover a igualdade de oportunidades, o acesso equitativo a recursos e serviços básicos, e o respeito à diversidade e dignidade de todos os membros da sociedade. 

Além disso, a educação, a conscientização, a solidariedade e a fraternidade são fundamentais para construir uma base sólida que sustente a justiça social no cotidiano e ao longo do tempo.

Quer saber mais? Fica o convite para a leitura do artigo “Justiça social: do conceito para a realidade.”, de autoria da Iranalha Carvalho, Assessora de Relacionamentos da edc Brasil.

Créditos: Divulgação.
Iniciar conversa
Fale com a gente!
Olá! Somos a Economia de Comunhão Brasil. Esse é o nosso canal de contato pelo Whatsapp. Será um prazer conversar com você.