O Projeto foi selecionado no Programa de Superação da Vulnerabilidade Econômica da Economia de Comunhão (Supera) e cumpriu sua missão de conectar oportunidades e vulnerabilidades. 

Não à toa um dos pilares da Economia de Comunhão é conectar oportunidades e vulnerabilidades. Os resultados de um dos projetos apoiados pelo Programa de Superação da Vulnerabilidade Econômica (Supera), da edc Brasil, mostram, na prática, o que isso significa. 

Em um ciclo de dois anos, a edc esteve presente, com recursos humanos e financeiros, no Projeto Zumbido – Semeando Comunidades Solidárias e Agroecológicas nos Assentamentos Rurais da Microrregião da Mata Alagoana (AL), com o intuito principal de fortalecer lideranças comunitárias e incentivar o voluntariado social. 

O Projeto Zumbido é desenvolvido pelo Instituto Mundo Unido (IMU), uma das organizações selecionadas pelo edital do Supera em 2021. Desde então, uma jornada colaborativa e repleta de protagonismo comunitário permitiu o florescimento de algumas iniciativas, todas elas possibilitadas pela sua contribuição durante a Campanha Comunhão e Ação

Fortalecimento da agricultura de base agroecológica

Uma dessas iniciativas foi o fortalecimento da produção de base ecológica a partir da contratação, com os recursos do Supera, de um técnico agrícola para assessorar os assentamentos de agricultores da Zona da Mata Alagoana. Cerca de 40 pessoas das comunidades puderam acompanhar as visitas do técnico e trocar conhecimentos sobre cultivo agroecológico. O trabalho permitiu um incremento de cerca de 30% na geração de renda dos agricultores. 

“Trabalho há 9 anos com agricultura familiar e esse sistema foi novo pra mim. Acabou me surpreendendo, porque eles (se referindo à Economia de Comunhão e ao IMU) enxergam o próximo de forma diferente. Todos somos iguais, ninguém é melhor que ninguém e a responsabilidade não é só com o solo, mas com o meu vizinho também, né, e todo o entorno”, disse Wellington Santos, técnico agrícola contratado. 

Avaliação do Solo

Ações de Voluntariado social

O voluntariado social é uma realidade pulsante entre as comunidades agrícolas alagoanas. A presença da edc apenas evidenciou algumas iniciativas dos próprios agricultores e agricultoras, articulando diferentes comunidades em torno de algumas necessidades que apareceram no período. 

Uma delas é a realização, todas as quintas-feiras, de uma reunião entre os agricultores para cultivarem os lotes um do outro, privilegiando aqueles que estão doentes ou sem condições de cuidar do próprio lote.

Outra, foi a situação de doença que acometeu o sr. José Cícero da Silva, um dos agricultores. Ao saber da situação do colega, cerca de 58 pessoas, da comunidade e do IMU, se mobilizaram para recolher doações em dinheiro, alimentos e até mesmo um bode para uma rifa. Apesar desse senhor vir a falecer, o legado que se criou marcou essa família e aliviou a dor da partida. Além disso, outras 20 pessoas ajudaram a preparar um enxoval para a filha do Sr. Cícero que estava grávida, comovendo ainda mais a família. 

 

Formação de lideranças comunitárias

Foram realizadas oficinas de formação de lideranças, fundamentadas nos princípios da gratuidade, reciprocidade e comunhão. Estes momentos serviram para estreitar os laços comunitários e fortalecer as ações de voluntariado dentro das comunidades. O senhor Sidnaldo Alves, um dos líderes do Assentamento Flor do Bosque, por exemplo, articulou um curso de apicultura junto à uma organização parceira e ainda conseguiu que o curso impactasse pessoas de um assentamento vizinho. E não parou por aí. Também conseguiu dessa organização a doação de um trator com grade aradora para sua comunidade.

Sidnaldo conquista junto à gestão municipal um trator com grade aradora para sua comunidade.

Um fato relevante sobre esse aspecto é o papel das mulheres na liderança das associações de suas comunidades. Para se ter uma ideia, dos 43 alunos das oficinas (23 jovens e 20 adultos), 60% eram mulheres, que aos poucos, foram superando a baixa autoestima com um maior envolvimento nas dinâmicas de grupo.

O conteúdo das oficinas com suas dinâmicas interativas proporcionou momentos de reflexão acerca dos conflitos comunitários e de possíveis soluções. Os participantes foram unânimes em afirmar que o curso foi de grande aprendizagem e ajudou no desafio das relações interpessoais, entre eles e com os consumidores. 

Participantes do Curso de Liderança no Assentamento Flor do Bosque

“Hoje a gente não encerra uma jornada, mas começamos outra. E é assim que a gente constrói uma  comunidade nova, uma Alagoas nova e um mundo renovado”, disse a agricultora Maria José. E Maria Teresa completou: Foi um curso de muito aprendizado onde eu aprendi a me relacionar mais em grupo, a ser líder, a ajudar as pessoas, orientar, falar. Vi que ser líder não é só fazer acontecer. É ter um grupo de pessoas para compartilhar”. 

Curso de empreendedorismo rural

Outra importante iniciativa que se desenvolveu durante o ciclo do projeto Zumbido foi a oferta de um minicurso sobre Empreendedorismo Rural aos agricultores dos assentamentos da Zona da Mata Alagoana, articulado pela edc e desenvolvido por meio de uma parceria entre o IMU e a Aliança Empreendedora. 

Curso de Empreendedorismo Rural

Com 30 horas de aulas divididas em 6 módulos, contendo 6 oficinas presenciais e 6 on-line, o curso teve foco na formação de lideranças jovens rurais, abordou o potencial produtivo da região frente às exigências do novo consumidor ecológico, além de uma visão de tendência de mercado e da importância de empreender com sustentabilidade. Ao todo, foram 66 inscritos com participantes de três assentamentos rurais. 

O minicurso desencadeou sinergias com outras instituições em iniciativas de subprojetos como a concretização de uma horta comunitária piloto com a SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e a retomada do programa Ecoforte do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Brasil Agroecológico) para a emissão de certificado de Conformidade Orgânica para os produtores, através do Sistema Participativo de Garantia (SPG).

Feira Agroecológica

Sustentabilidade 

O ciclo do projeto também foi marcado por ações que abordaram a sustentabilidade. No Assentamento Flor do Bosque, por exemplo, aconteceu uma roda de conversa e oficina sobre meio ambiente e ecologia com a participação de 9 adolescentes. Outra ação foi no curso Curso de Empreendedorismo Rural, citado acima, que durante a oficina sobre sustentabilidade envolveu em torno de 40 pessoas, entre jovens e adultos, a partir de uma perspectiva intergeracional. As oficinas foram construídas a partir das necessidades concretas do cotidiano e do contexto local. Na comunidade do Assentamento Dom Hélder, por exemplo, os alunos organizaram, junto com a comunidade,  um evento de cunho socioambiental sobre descarte do lixo.

Curso de extensão na UFAL sobre Economia de Comunhão

Também destacamos a presença importante e capilarizada da Universidade Federal de Alagoas a partir da colaboração de servidores, professores, estagiários, além de apoio logístico e da plataforma institucional para cursos de capacitação. A UFAL foi parceira em questões técnicas, compartilhou conhecimento, recursos humanos e foi protagonista, junto com a edc, do curso de formação em Economia de Comunhão e novas economias, oferecido aos agricultores e agricultoras, a pesquisadores, professores, alunos e demais interessados em aprofundar temáticas sensíveis à Economia de Comunhão. 

O projeto Zumbido encerra este ciclo, por enquanto, tendo impactado cerca de 486 pessoas diretamente apenas em 2022 e outras mais de 1300 indiretamente. 

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