De acordo com o Sebrae, “o empreendedorismo rural é a atividade de identificar problemas e oportunidades ligados ao setor e transformá-los em soluções benéficas para o ecossistema envolvido e sociedade em geral”.

A partir deste conceito, não precisamos nem explicar muito por que o Brasil é um terreno fértil para o empreendedorismo rural. Nosso país é o segundo maior exportador de alimentos do mundo, atrás apenas da China, de acordo com dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). E ainda, o agronegócio é responsável por quase um terço do PIB brasileiro.

E se por muito tempo o campo sofreu um processo severo de esvaziamento com um movimento intenso para as grandes cidades, especialmente dos jovens, esse cenário tem mudado. Nos últimos anos, ampliou-se o acesso à capacitação em universidades e escolas técnicas em todo o Brasil, além de mais oferta de crédito, o que gerou mais negócios no campo. Podemos ainda somar a mudança no comportamento de consumo de uns anos para cá, com um mercado cada vez mais ávido por produtos orgânicos, agroecológicos e certificados, que vem valorizando a agricultura familiar.

Agora, de fato, vemos cada vez mais o crescimento do empreendedorismo rural, especialmente aquele relacionado à produção sustentável. São muitas as oportunidades, desde a agricultura orgânica, passando pela apicultura, produção artesanal de cachaça, cafés especiais, turismo rural etc. Investir nesses segmentos com adoção de tecnologia gera valor agregado aos produtos e uma maior geração de renda para quem trabalha no campo. Sem contar o impacto positivo no planeta e na sociedade.

Foi exatamente isso o que presenciamos no Projeto Zumbido, na Zona da Mata Alagoana.

No segundo semestre de 2022, a Economia de Comunhão Brasil já estava a plenos vapores trabalhando em conjunto com o Instituto Mundo Unido pela geração de novas oportunidades junto aos assentamentos rurais Flor do Bosque, Dom Hélder e Zumbi dos Palmares. Em estreita colaboração com as comunidades, diversos projetos de capacitação e florescimento humano vinham sendo desenvolvidos desde 2021.

Foi nesse período que aconteceu uma importante parceria entre o IMU e a Aliança Empreendedora. Compreendendo as necessidades latentes da região, os colaboradores e colaboradoras do IMU, além de lideranças comunitárias dos assentamentos, participaram do curso de Facilitadores da Metodologia da Aliança Empreendedora.

Fonte: Arquivo edc Brasil.

Conhecimento apreendido só é bom quando compartilhado. E assim foi. A capacitação deu origem ao Curso de Empreendedorismo Rural na Zona da Mata Alagoana. A parceria com a Aliança Empreendedora permitiu o acesso a ferramentas de qualidade e de conteúdos em videoaulas, favorecendo a revitalização da jornada empreendedora das comunidades. 

O curso com carga horária de 30 horas foi composto em 6 módulos, cada um contendo 6 oficinas presenciais e 6 oficinas online interativas que tratavam de tendências do mercado e produção sustentável. A operação dos cursos contou com a colaboração de estudantes do Curso de Agroecologia da Universidade Federal de Alagoas.

Fonte: Arquivo edc Brasil.

“O curso de empreendedorismo rural com foco na formação de lideranças juvenis rurais ajudou a difundir uma nova cultura empreendedora, um despertar para o protagonismo e para o potencial produtivo da região frente às exigências do novo consumidor ecológico”, disse Célia Regina, coordenadora do Programa de Superação da Vulnerabilidade Econômica da Economia de Comunhão.

Fonte: Arquivo edc Brasil.

“O curso de empreendedorismo foi importante pra nós, principalmente para minha família, porque nos mostrou que nós somos uma empresa e que nós podemos empreender, mesmo com o pouco a gente tem. Isso foi muito importante na nossa vida. Nós já estamos tentando ver como montar”, disse Irmã Rita, do Assentamento Dom Hélder. 

O seu Naldo já pensa em comercializar as hortaliças da nova horta com base nos aprendizados sobre empreendedorismo. E a Neli, do Assentamento Zumbi dos Palmares, já sonha com a sua padaria. “Esse curso veio para que possamos botar em prática nossa vontade de crescer e evoluir. Me fez voltar a acreditar que o nosso sonho pode ser realizado, só basta a gente querer dar o ponto inicial, e me ajudou bastante, tanto é que estou colocando em prática o meu sonho de poder fazer a minha padaria aqui no assentamento; já estou dando ponto inicial para que esse projeto venha sair do papel. Só tenho a agradecer a todos da equipe que vêm pra cá com todo esforço para dar esse ensinamento pra gente.“

Fonte: Arquivo edc Brasil.

O minicurso ainda desencadeou sinergias com outras instituições em iniciativas de subprojetos como a concretização de uma horta comunitária piloto com a SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e a retomada no programa Ecoforte do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Brasil Agroecológico) para a emissão de certificado de Conformidade Orgânica para os produtores, através do Sistema Participativo de Garantia (SPG).

O encerramento das turmas aconteceu em um encontro intermunicipal, com direito a certificação, para cerca de 70 pessoas.

Desafios enfrentados pelo empreendedor rural

Problemas jurídicos, técnicos, econômicos, combate e controle de pragas, administração da empresa rural, gerenciamento de pessoas, especificidades para comercialização e exportação são apenas alguns dos desafios do dia a dia dos empreendedores rurais.

Falta informação e ainda muita capacitação, que por vezes até chega em grandes propriedades rurais, mas ainda é excludente com as regiões mais vulnerabilizadas do Brasil.

A seguir, compartilhamos duas cartilhas que podem ser úteis em termos de informação para quem quer empreender no campo.

Cartilha do Empreendedor Rural

Manual do Jovem Empreendedor Rural

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