Recurso para a promoção do CARJUM vem da campanha de financiamento coletivo da Economia de Comunhão, a Comunhão e Ação, que neste ano carrega o mote “Porque somos comunidade, semeamos uma nova história”.
O que começou como um projeto de reflorestamento do sertão cearense, se desdobrou não somente na criação de trabalho para jovens e mulheres e na produção de alimentos para 3 comunidades do Ceará, mas também no incentivo à juventude a enxergar no campo uma chance de um futuro melhor.
Entre 2021 e 2022, Sandra Bandeira respondeu sim a um convite do It’s Now Brasil para iniciar no sertão do Estado um projeto de reflorestamento com mudas nativas visando reduzir o impacto do aquecimento global na região. Dessa ideia nasceu o CARJUM.
“Há anos já realizamos trabalhos promovendo a valorização da leitura e da educação digital nas comunidades do sertão. Quando recebemos o convite do It’s Now, tivemos os recursos para chegar até mesmo à uma comunidade que sofre com a insegurança alimentar e sabemos que quando há a insegurança, os desafios são muitos. Hoje, vemos a força e a inteligência desta comunidade que projeta seu próprio futuro, principalmente entre os jovens e as mulheres”, contou Sandra, fonoaudióloga e Coordenadora do CARJUM.
Entenda mais sobre o projeto.
CARJUM e a força da comunidade
O projeto Clima, Alimento e Renda para Jovens e Mulheres, carinhosamente chamado de CARJUM, foi realizado entre 2021 e 2022 pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará (SDA) e a Coordenadoria da Agricultura Familiar (CODAF), com a parceria da Anpecom, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares (STRAF/IPUEIRAS-CE), da Aliança Empreendedora e das Associações dos Moradores das comunidades atendidas.
O Assentamento Batalha, o Sítio Belém e o Engenho Velho foram as 3 comunidades que abraçaram o projeto. No total, 178 moradores(as) de 44 famílias estiveram envolvidos(as) diretamente nas iniciativas. Já indiretamente, estima-se que todas as 379 famílias residentes, 1.516 pessoas, foram impactadas positivamente. Sandra explica que o nome CARJUM faz referência ao caju, uma das plantas que semearam durante as iniciativas ao lado do babaçu e do bambu, todas nativas da região.
“A própria comunidade do Assentamento Batalha, que está situada no território do Vale do Curu/Aracatiaçu, já tinha uma pequena fábrica de processamento do pêndulo do caju que estava em processo de reativação comandado pelos jovens e pelas mulheres. Com a verba, conseguiram reativar a fábrica”, contou.
Também o Sítio Belém carrega a tradição do beneficiamento do pedúnculo do caju. Localizado no litoral do extremo oeste cearense, às margens do rio Aracajú, sua comunidade era conhecida pela produção de cajuína, doces e outros derivados da fruta. Com os recursos recolhidos e o incentivo à produção, foi gerada renda para a equipe envolvida.
“Estamos nos organizando bem. Para cada produto vendido, seja o caju preto ou caju ameixa, o doce de caju em calda ou a rapadura, temos uma pessoa responsável que está anotando o dinheiro recebido para fazermos a prestação de contas. É um processo inicial, mas está dando certo”, compartilhou Eliane, a responsável pelo CARJUM no Sítio Belém.
Por sua vez, o Engenho Velho é uma comunidade situada na serra da Ibiapaba, considerada um sítio arqueológico, devido às cerâmicas indígenas que são encontradas pela região. Lá, a produção de óleo de coco já era realizada e com os recursos do projeto foi possível levar uma caixa d’água, novos utensílios e até mesmo luz elétrica ao local de produção. Também a juventude se empenhou para colaborar com a divulgação do produto desenvolvendo uma Identidade Visual própria e articulando a comunicação entre todas as pessoas envolvidas na produção.
“A vinda do projeto para nossa comunidade foi gratificante e ao mesmo tempo desafiadora. O mais importante de tudo foi reunir o grupo para fazer aquilo que a gente mais gosta: a fabricação do óleo de coco! Nosso maior ponto positivo foi a abrangência da comunicação, pois nosso produto já era conhecido, mas agora conseguimos chegar até mesmo fora do país”, relatou Cosmo, morador do Engenho Velho.
Juventude rural construindo seu futuro
O CARJUM incentivou também o diálogo sobre temas que impactam diretamente a região: os efeitos do aquecimento global, a produção agroecológica do caju, o combate à desertificação do solo e a preservação ambiental, principalmente do bioma Caatinga e da Região Semiárida.
A partir do diálogo e de cada passo prático, desde o plantio das mudas de caju, até a prestação de contas das comunidades, foi possível observar novos talentos florescerem para o empreendedorismo rural, principalmente entre a juventude.
“Observamos como os talentos eram semeados em cada canto e a sede por conhecimento era sempre grande. Prova disso foi quando recebemos verba para uma visita à campo! Fomos até os jovens e perguntamos para onde queriam ir. ‘Conhecer a comunidade de onde os facilitadores do projeto vieram’ foi a resposta. Eles podiam escolher qualquer lugar, mas escolheram uma comunidade pequena que compartilhou conhecimento para eles”, recordou com orgulho a Coordenadora.
Para ela, a formação do jovem rural por jovens rurais gera um impacto diferente e possibilita uma visão positiva do campo, mostrando que há futuro para quem deseja permanecer na comunidade.
“Com os aprendizados, a cidadania é fortalecida e a valorização do campo é incentivada, promovendo a regeneração das comunidades e dos sujeitos. Vemos que a própria juventude está construindo seu futuro no campo”, conclui Sandra.
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Sobre o It’s Now
O It ‘s Now é um movimento coletivo formado por pessoas de todas as idades e por organizações não governamentais de vários países. Sua atuação viabiliza a promoção e aceleração de ações climáticas concretas que colocam em relevo o bem-estar das pessoas e a regeneração dos ecossistemas, o fortalecimento das democracias, o respeito pelos territórios e suas comunidades, a justiça social e a promoção de uma economia mais justa, que contribua para o bem comum.
O movimento exige que lideranças e autoridades se comprometam com ações concretas que garantam um futuro seguro para as atuais e futuras gerações.
E a Economia de Comunhão no Brasil integra esse movimento e todos os anos realizamos ações concretas junto à rede a partir dos recursos recolhidos pela campanha de financiamento coletivo Comunhão e Ação, que neste ano de 2023 carrega o mote “Porque somos comunidade, semeamos uma nova história”.
Se você ou sua organização também se preocupa com o meio ambiente, junte-se ao movimento e faça parte da mudança que deseja ver no mundo.