Participantes conheceram iniciativas como CARJUM, Periferia Sustentável, as COP’s Locais e, de forma especial, a construção da Política de Proteção a Pessoas em Situação de Vulnerabilidade da Anpecom. 

O segundo e último dia do Fórum Nacional da Economia de Comunhão (edc) 2023 aconteceu no Centro Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande Paulista (SP), e expressou a essência da nova fase de implementação da cogovernança. 

Para saber como foi o primeiro dia, clique aqui. 

Da esquerda para a direita: Telma, Sandra, Eliane e Fábio.

Para abrir os painéis, Telma Rocha, diretora de articulação institucional da Anpecom, subiu ao palco do auditório para apresentar as iniciativas que fazem parte do It’s Now: um movimento coletivo intergeracional composto por organizações não governamentais de vários países – entre elas está a edc. 

“É importante saber que quando falamos de impactos climáticos, hoje temos uma outra expressão que é justiça climática. Por que falamos disso? Porque na hora em que acontecem situações como estamos vendo de inundações ou secas intensas, quais são as pessoas mais atingidas? São as que vivem em situação de maior vulnerabilidade”, destacou  

A atuação da edc ao lado do It’s Now abraça hoje atividades em diferentes pontos do Brasil, entre elas o CARJUM, projeto que incentiva ações socioambientais em comunidades rurais do Ceará, em parceria com o Governo do Estado. Para representar o projeto, estiveram presentes Sandra Bandeira, fonoaudióloga de formação e coordenadora do CARJUM e Eliane Muniz da Costa, presidente da Associação de Moradores da comunidade do Sítio Belém, pedagoga e pós-graduada em psicopedagogia. 

A pedagoga foi uma das participantes do projeto de inclusão digital executado por Sandra e hoje é líder de sua comunidade, por isso esteve lado a lado durante as fases do CARJUM.

“Quando Sandra chegou com a proposta, nós logo pensamos em trabalhar com o caju, fruto muito encontrado na região. Comecei a observar que tinham muitas terras desmatadas que poderiam ser utilizadas para o plantio. Conversei com os proprietários e recebemos a autorização para plantar as 1.030 mudas de cajueiro e de outras árvores frutíferas que recebemos.”

Com a plantação, o fruto passou a ser utilizado para a produção de doces e o bagaço para produzir a rapadura. ma escola abandonada foi adaptada para dar origem a uma pequena fábrica de doces. Saiba mais sobre o CARJUM. 

Periferia Sustentável levou o Lab Móvel, um laboratório sob rodas alimentado por energia solar.

Já para Fábio Miranda, gestor em tecnologias sociais no projeto Periferia Sustentável, o Its’ Now chegou para somar na caminhada que trilhava levando tecnologia para as quebradas. A iniciativa faz parte do Instituto Favela da Paz, uma ecovila urbana que abriga projetos ligados à sustentabilidade, educação, arte, cultura, alimentação saudável e bem-estar. 

O projeto leva conhecimento sobre energia sustentável, instalação de painéis solares por preços acessíveis, permacultura urbana e captação da água da chuva nas quebradas (comunidades) de São Paulo. “Eu tive a oportunidade de viajar para diferentes partes do mundo e meu questionamento era: por quê essas tecnologias não tem na minha quebrada? A partir daí começamos a pensar em como levar esses recursos sustentáveis para lá e então surgiu a Periferia Sustentável”

Fábio tem a certeza de que todos e todas somos capazes de desenvolver tecnologias e para poder circular esse conhecimento para todos os cantos, ele e sua equipe desenvolveram o Lab Móvel: um laboratório móvel com painéis solares, espaço para transportar equipamentos e fontes de energia para poderem colaborar com os demais projetos. 

A Periferia Sustentável, assim como outras iniciativas por todo o Brasil, farão parte das COP’s Locais, propostas pelo It’s Now e apoiadas pela Anpecom, que objetivam trazer as discussões globais da conferência (COP) para a rotina e contexto das cidades e comunidades.

Política de Proteção às Pessoas em Situação de Vulnerabilidade

Um movimento comprometido com a erradicação da pobreza e com a construção de um mundo mais justo, regenerativo e fraterno não pode deixar de ser comprometido com a proteção de pessoas em vulnerabilidade. 

Foi com essa mentalidade, que a Associação Nacional da Economia de Comunhão (Anpecom), responsável pela administração da edc, deu o primeiro passo para a construção de sua própria Política de Proteção a Pessoas em Situação de Vulnerabilidade, apresentada ao auditório pelos responsáveis pelo processo: Clézia Pinto (Anpecom), Ilma Oliveira e Márcio Lupi, ambos consultores do Instituto Aliança.

Márcio Lupi apresenta parte da construção desta nova política. Da esquerda para a Direita: Jean, Clézia, Ilma e Márcio.

Para Márcio, é imprescindível compreender que falar em direitos humanos é falar em dignidade – em descobrir o próprio valor -, e que a política de proteção é uma forma de dialogar com toda a comunidade edc: “O valor é algo intrínseco do ser humano, mas se não temos uma política de proteção que garanta essa dignidade, muitas pessoas podem esquecer esse lastro de valor que é tão importante”

Ilma complementou que toda organização precisa ser um espaço seguro para dialogar e que deve garantir os direitos de todas as pessoas envolvidas. De forma prática, a facilitadora apresentou algumas ações que devem ser respeitadas, como nunca deixar apenas um profissional trabalhando com um grupo de crianças – sempre designar mais de dois – e quando for divulgar fotos de menores de idade, sempre embaçar ou cobrir por completo seus rostos. 

A fala de Clézia foi institucional, em direção à necessidade da Anpecom garantir esse espaço de direitos. Segundo ela, nesses 32 anos de existência, a edc construiu uma história singular da qual todos e todas fazem parte e que, agora, chegou a hora de outra importante decisão: uma maior atenção para com a ‘cultura da proteção’. 

Economia de Comunhão e a Co-governança 

O último painel do dia antes da Assembleia Geral destinada, especialmente, aos associados e associadas da Anpecom, ficou ao encargo de Luigino Bruni, economista, historiador e autor do livro “Economia de Comunhão: uma cultura econômica de várias dimensões”

Em forma de vídeo, Luigino Bruni localizou a Economia de Comunhão como “uma nota de um concerto”, uma economia em diálogo. E quando cooperamos com os outros, precisamos entender o que conseguimos dar e o que podemos receber: a confiança faz parte da edc. Por este motivo ela atua ao lado das comunidades, pois quem conhece o problema é quem está dentro do problema. 

Foto oficial de todos e todas participantes.

Foto oficial de todos e todas participantes.

 

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