Chegamos ao fim do Fórum edc 2024, a 8ª edição do encontro nacional da rede de Economia de Comunhão Brasil, que aconteceu entre os dias 27 e 28 de setembro, no Centro de Eventos Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande Paulista (SP), e reuniu aproximadamente 200 lideranças empresariais, comunitárias e acadêmicas para refletirem sobre o tema “A cultura edc conectada com a visão sistêmica da vida”.
Afinal, o que seria uma visão sistêmica da vida? Em suma, o tema deste ano convidou a rede a enxergar de que forma a cultura edc está presente em todos os aspectos da nossa vida, seja no pessoal (indivíduo), empresarial ou no social. A seguir, você confere um registro do que foi este Fórum edc 2024, composto por mesas, painéis temáticos, feira de artesanato e vivências coletivas.
Manhã: O indivíduo
Na parte da manhã do 1º dia de fórum, refletimos sobre o indivíduo. Começamos com uma mesa composta por Emília Miranda (ASCES), Viceli Costa (Acajatuba), Ana Júlia (Acajatuba-AM), Sarah Caroline (Beiru Tancredo-Neves) e Zeliana Granjeiro (Atelier Terapêutico), que compartilharam conosco sobre o tema “Propósitos internos, frutos externos”.
Viceli Costa é liderança da comunidade Acajatuba (AM) e brigadista florestal. Nas últimas semanas, ele esteve envolvido no combate aos incêndios na Amazônia e na sistematização da entrega das doações recebidas pela Ação Emergencial “Por uma Amazônia que tem sede”. Ele compartilhou parte da experiência vivida nas últimas semanas com a seca histórica na região e o impacto positivo do projeto Amazônia Viva nas comunidades amazônidas.
Emília Miranda é pró-reitora administrativa do Centro Universitário Tabosa de Almeida (ASCES-UNITA), em Caruaru (PE), e compartilhou conosco os impactos da instituição ter inserido a Fraternidade como princípio pedagógico. “Hoje somos mais de 30 projetos e 22 cursos que utilizam a fraternidade na formação dos seus estudantes e no seu relacionamento com a sociedade”.
Em seguida, tivemos o prazer de escutar Rafael Sanabio, da Nova Acrópole, responsável pelo 1° painel do evento. Com o tema “A mudança que começa em mim”, ele nos mostrou a importância de identificar nossos princípios (valores e virtudes) e nossos fins (ideais pelos quais viver).
Também Cláudia Herrero Menegassi, palestrante sobre a Economia de Comunhão, nos levou a um percurso de soluções a partir do conceito de Nexialismo. Em poucas palavras, o Nexialismo propõe um olhar integral para um sistema (empresa, família, etc) em busca de identificar um nexo entre elas para alcançar um objetivo específico. Com certeza, cada participante teve a oportunidade de visualizar seus desafios e enxergar como o olhar nexialista pode nos ajuda a identificar soluções possíveis.
Continuamos nosso percurso do dia em 3 salas temáticas:
1- Arteterapia: arte como jornada de autoconhecimento (com a arteterapeuta Zeliana Granjeiro);
2- Confluências: onde a edc se encontra com a Teoria U (com Maria Clézia, facilitadora edc);
3- Como superar as resistências para o desenvolvimento empreendedor (com Rodrigo Apolinário, mentor e facilitador edc).
Após o almoço e um breve momento de descanso, continuamos no auditório para refletirmos sobre o ser empreendedor.
Tarde: Empreendedorismo e Economia de Comunhão
Começamos um diálogo entre lideranças e empreendedores e empreendedoras para compreender quais são os principais desafios de uma empresa edc. Para a mesa, recebemos Karoline Porfírio (Prodiet), Deise Prestes (Espri), André Piñero (M2G2), Celso Beppler (Metalsul) e Rita Capela (Escola Lugar de Criança). Um momento rico de trocas e identificações de desafios em comum.
“Trabalhar no primeiro polo empresarial da Economia de Comunhão (Polo Spartaco) é muito especial. Eu me sinto agente de transformação, sinto que eu posso colaborar com a sociedade e a edc me proporciona isso. Eu me sinto realizada”, contou Deise Prestes.
Celso Beppler é dono da MetalSul e empresário edc há mais de 25 anos. Ele compartilhou sobre a importância de manter a horizontalidade e a coerência diária com a cultura edc.
Abrimos o palco para Eduardo Catelan, empreendedor edc, que nos apresentou os atributos de Lideranças Conscientes:
1- Responsabilidade
2- Desapego
3- Vulnerabilidade
4- Visão sistêmica
5- Nexialismo
6- Criatividade
7- Carisma
8- Autenticidade
9- Protagonismo
Após um instante de agradecimento do Conselho Deliberativo aos patrocinadores do evento mdx, MetalSul e EngStein, e uma recordação da campanha de financiamento coletivo edc, a Comunhão e Ação (clique aqui e saiba mais), prestigiamos o coquetel de lançamento e noite de autógrafos do novo livro “Navegar sobre a economia: experiências e reflexões para uma nova cultura econômica”, escrito pelo empresário e pioneiro da edc no Brasil, Rodolfo Leibholz.
Noite: lançamento e autógrafos
O coquetel de lançamento e noite de autógrafos do novo livro “Navegar sobre a economia: experiências e reflexões para uma nova cultura econômica”, de Rodolfo Leibholz, foi marcada pela felicidade compartilhada do autor com toda a rede da Economia de Comunhão. Segundo Rodolfo, a história deste livro tem origem na vida de sua família.
“Meus pais vieram ao Brasil fugindo da 2ª guerra. Meus avós foram mortos em campos de concentração. Eu via isso tudo e sabia que minha família não era ruim. E depois de um certo tempo pensando nós nos perguntamos: a humanidade é ruim? Não. Ações como esta são fruto de uma consciência coletiva que precisa ser mudada. Então, esse livro tem a proposta de trazer esta nova consciência “, explica Rodolfo após uma rodada de perguntas ao autor conduzidas pelo editor-chefe da Editora Cidade Nova, Luís Henrique Marques, editora responsável pela publicação da obra.
A roda de perguntas abriu espaço para a fila de autógrafos que se seguiram ao longo da noite, encerrada com uma festa animada pelo DJ Volpe. Se você não pôde estar presente mas deseja adquirir o livro, não se preocupe, as vendas continuam através da Cidade Nova (clique aqui para acessar).
Manhã: A sociedade
Começamos o segundo dia de fórum dialogando sobre a importância da Política de Salvaguarda para garantir a dignidade de todas as pessoas conectadas com a edc Brasil. O momento foi conduzido pelo Gilvan David e pela Maria Clézia, gestor programático e facilitadora de processos sobre florescimento humano da Economia de Comunhão, respectivamente, que apresentaram as consequências da ausência da política de salvaguarda e, por outro lado, do impacto positivo de seu uso.
A dupla abriu espaço para a mesa do dia “Reflexões sobre a emergência climática e social”, com a presença de Miryan Pereira Vasques (Povo Ticuna), Ana Paula Dias (Afago – SP), Lygia Anthero (Sistema B) e Philipe Neri (Mosaico de Amor). Miryan Vasques é liderança indígena do povo Ticuna na comunidade de Benjamim Constant (AM) e compartilhou o sofrimento que os povos indígenas e ribeirinhos vivem na maior seca que a Amazônia já viu.
“As pessoas me olham e dizem ‘me ajuda, meu povo sofre’ e eu não tenho o que fazer porque também minha comunidade, meu povo, sofre igual. Minha comunidade já está sem energia e sem água, eu não sei o dia de amanhã. Hoje eu estou assim, amanhã pode ser você” e ela continua: “Se a floresta desaparecer, toda a humanidade desaparece.”
Também Lygia Anthero, do Sistema B Brasil, parceiro no projeto Amazônia Viva, alertou sobre a importância de valorizar empresas com consciência socioambiental. “Histórias como a da Myrian serão cada dia mais frequentes. […] Aqui no sudeste, temos apenas pouco mais de 8% do bioma Mata Atlântica de pé. Não queremos que isso aconteça também com a Amazônia”.
Após a mesa, assistimos uma apresentação artística escrita e interpretada por Mara Pacheco, que nos nos convidou a refletir sobre a forma que enxergamos a natureza. Atriz e professora de arte que atua na área de dança, Mara é envolvida com a temática indígena e mitológica, fazendo parte do grupo de articulação da Rede Eclesial Pan Amazônica (REPAM), da Rede de Assessores e Cuidantes da Juventude da Arquidiocese de Manaus (RACJ) e vice presidente da Associação dos Arte Educadores do Amazonas (AMARTE).
Para continuarmos essa reflexão, recebemos Danilo Hacham e Jomery Nery para conduzirem o painel “Transformação socioambiental através dos investimentos de impacto”. Jomery, atual presidente da Associação Nacional por uma Economia de Comunhão, traçou um panorama sobre a desigualdade no Brasil. Reflexo disso é a dificuldade da própria edc Brasil em recolher doações para projetos ao lado dos povos amazônidas. Ele narra que no início do ano a edc Brasil iniciou uma Ação Emergencial pela população do Rio Grande do Sul afetada pela catástrofe climática das inundações. Em pouco tempo, a Ação atingiu e ultrapassou sua meta.
Por outro lado, a Ação Emergencial pelas comunidades da Amazônia que sofrem com a seca histórica demonstrou baixo engajamento. Para complementar, Danilo, sócio do Grupo Storm de Investimentos, apresentou a importância de enxergar onde bancos e instituições financeiras investem seu dinheiro para garantir que os nossos recursos pessoais e profissionais sejam investidos de maneira alinhada com a construção de um mundo mais justo, regenerativo e fraterno.
Para fechar a manhã, recebemos Ricardo Ramos (Agente MUDA) para explicar sobre o ENIMPACTO. A Estratégia Nacional de Economia de Impacto (ENIMPACTO) é uma iniciativa que reúne o governo, o setor privado e a sociedade civil com o objetivo de promover um ambiente favorável ao desenvolvimento de negócios e investimentos de impacto no Brasil.
Por fim, a tarde foi destinada a uma vivência “A construção de si mesmo por meio de uma experiência sensorial”, conduzida pela Fábia Siqueira e Maria Clézia, fundadoras da AION – Florescimento Humano. que fechou o fórum edc 2024 com chave de ouro.
Agradecemos aos nossos painelistas, convidados(as) e rede edc pelos momentos de diálogo, escuta e conexão. Um agradecimento especial aos nossos patrocinadores MDX, MetalSul e EngStein pela parceria e comprometimento com a edc.
Em breve, disponibilizaremos as gravações dos nossos painéis e mesas. Continue acompanhando nosso site e canais de comunicação.