“Não há como a gente falar de lideranças sem falar de cultura.” Marcel Fukayama é fundador do Sistema B Brasil, uma comunidade global de líderes que usam o seu negócio para a construção de um sistema econômico mais inclusivo, equitativo e regenerativo para as pessoas e para o planeta. Daí a conexão estreita com a Economia de Comunhão.
Convidado para partilhar sobre Liderança, Marcel foi palestrante do Fórum Nacional da Economia de Comunhão 2022, onde aproveitou para traçar um perfil das lideranças de hoje tendo em vista as Novas Economias e compartilhou os desafios que estas enfrentam no século XXI.
Cultura e estrutura para lideranças
O mundo vive uma mudança de cultura global e histórica, onde as alterações do mercado em vista de uma economia cada vez mais regenerativa pode contribuir para contornar os principais desafios do mundo e construir um sistema econômico mais regenerativo. Segundo Marcel, a liderança é o elo central para compreender a criação desta nova cultura, estrutura e oportunidade de trabalhar com o setor público, setor empresarial e com a sociedade civil organizada, em torno de uma nova economia.
A Doutrina Friedman moldou o capitalismo nos últimos 50 anos colocando o lucro acima de tudo e por isso tornou-se importante para compreender a estrutura que gerou os desafios econômicos e socioambientais crescentes vividos até aqui.
“Não há nenhuma dúvida do poder do capitalismo em gerar progresso econômico”, Marcel narra que os próprios dados apresentam essa realidade: mais de 1 bilhão de pessoas saíram da linha da pobreza extrema, desde 1980. Apesar disso, enxergar as atuações deste modelo requer entender suas limitações. Muitas limitações sociais são encontradas e o Brasil é um exemplo disso, já que está entre os 10 países mais desiguais do mundo.
“Não há dúvida também de quanto esse modelo gerou um progresso econômico por um lado e, por outro, uma distorção social tremenda” e complementa que o problema disso tudo é a armadilha da pobreza: as pessoas nascem com baixa renda, têm um investimento insuficiente em saúde educação (direitos básicos), criam um capital humano subdesenvolvido, gerando como consequência uma baixa produtividade e assim por diante.
Por isso, Fukayama ressalta que sem uma intervenção externa, seja uma política pública, seja uma solução de mercado, este ciclo não poderá ser quebrado. O Economista e Nobel de Economia Joseph Stiglitz acredita que “as empresas têm um papel na redução de desigualdades: pague seus impostos, remunere melhor e invista.”
As emissões de Gases de Efeito Estufa, os chamados GEEs, precisam parar de crescer. Se hoje o mundo agir de maneira emergencial é possível limitar o aquecimento do planeta em 1.5 graus Celsius (IPCC), para isso, até 2025, é preciso parar de emitir novos gases. Marcel afirma que não basta mais ganhar dinheiro de um lado e usar parte desse dinheiro para fazer responsabilidade social corporativa. “Não dá mais tempo para isso”.
“Hoje nós precisamos usar o modelo de negócios das nossas empresas, do nosso ambiente de trabalho, da nossa cadeia de valor para gerar impacto positivo.”
Perfil das novas lideranças
O Papa Francisco em sua encíclica Fratelli Tutti (2020) critica uma globalização que não foca no bem comum, que deixa de lado o diálogo como caminho, a colaboração mútua como conduta e o conhecimento comum como método e critério. Mas, não somente o pontífice consegue traçar esta lista que deveria ser seguida. É preciso um novo jeito de pensar e um novo jeito de fazer a economia, ou seja, desenhar uma nova cultura e uma nova estrutura.
Daí entra um perfil das novas lideranças para este século, de acordo com Fukayama:
2- Vocação Pública, Política e Global
3- Capacidade de mobilizar recursos
4- Capacidade realização
5- Capacidade de inovar
6- Capacidade de de gestão de conflitos
7- Fibra ética e integridade
Essas lideranças irão gerar um efeito em cadeia: o trabalho em rede – tendo um propósito compartilhado – irá criar as comunidades de práticas, que, por sua vez, vão gerar uma influência sistêmica.
Na prática
O Sistema B tem adotado um sistema econômico inclusivo, equitativo e regenerativo para todas as partes, pessoas e para o planeta, assim como a Economia de Comunhão. Por fim, o fundador do Sistema B Brasil defende que, hoje, empresários e empresárias que desejam viver por este novo modelo econômico precisam adotar propósito de impacto; responsabilidade com seus stakeholders, partes interessadas, comunidade, investidores e afins; e ter compromisso com a transparência para medir, gerenciar e reportar seu impacto.
A palavra-chave que sinaliza a nova postura das lideranças é: ação. Trace seu propósito e mobilize o seu entorno para fazer a mudança acontecer.
Assista a palestra completa