Fábio Akira Hara era um típico administrador de empresas que adoecia, aos poucos, no agressivo mercado corporativo de São Paulo até descobrir um outro lado da gestão empresarial. Formado em Administração de Empresas pela PUC-SP e esposo de Irene Mendonça, também empreendedora, Fabio trocou a “selva de pedras” por uma “selva de saúde” em Magé, no Rio de Janeiro: há seis anos, ele e sua esposa tocam a Genki Alimentos, empresa que atua como ponte entre produtores orgânicos e a comercialização destes alimentos. Antes disso, Irene já atuava no setor com a “Sabor e vida”.
Hoje, a Genki Alimentos participa de feiras orgânicas e utiliza os alimentos não vendidos para a produção de comidas prontas e congeladas, o que sobra dos processos é sempre doado. O próprio nome da empresa reflete sua missão: “genki é uma saudação japonesa que significa o meu desejo do outro em estar bem. É um desejo de alma para que o outro esteja sempre forte”.
Convidamos você a conhecer essa história.
O despertar de um sentido
No agressivo mercado corporativo, a especulação através do dinheiro é extrema e o contato humano, diminuto. “Eu conhecia os clientes através de números”, recorda Fábio. Foi durante uma palestra sobre “compartilhar ideias” que as portas de uma nova forma de pensar e fazer negócio foram abertas para o administrador. “Escutei que quando você compartilha uma ideia ela passa a ser de todos. E isso despertou em mim um sentido.”
Foi imerso nesta reflexão que conheceu a Economia de Comunhão e encontrou a oportunidade de escrever o plano de negócios para participar do Programa de Fortalecimento de Novos Negócios Inclusivos de Comunhão (Profor), que oferecia um capital semente necessário para implantar sua própria empresa.
A partir daí, conseguiu o capital semente e embarcou com Irene para uma nova jornada empreendedora, desta vez, na cidade interiorana de Magé (RJ) e com o sentido não mais apontado para o lucro corporativo, mas sim, na sua contribuição para uma prática de trabalho horizontal.
Confiança e trabalho horizontal
Com a Genki Alimentos, eles trabalham com micro, pequenos e médios produtores orgânicos certificados da região. “Demoramos quase dois anos para adquirir a certificação de alimentação orgânica, precisei de uma reunião com a Anvisa de Brasília para conseguir esse aval. Mas valeu a pena, fomos uma das primeiras empresas do Estado do Rio de Janeiro a conseguir esse certificado”, recorda o empreendedor.
Segundo Fábio, hoje a empresa trabalha com equipamentos de primeira linha que otimizam a produção de alimentos prontos congelados e na preparação de cestas frescas. Além da tecnologia no preparo, a expertise da Genki é o relacionamento interpessoal, afinal, precisaram trabalhar a confiança com muitos produtores(as) anteriormente explorados por outras empresas.
“Na primeira reunião, tive que dizer para eles(as) que mostraríamos na prática que não seríamos exploradores. E assim o fizemos. Mostramos que tínhamos um novo olhar para o trabalho e a confiança veio com o tempo. Temos uma associação estruturada que vai em todo o Estado do Rio de Janeiro com pequenos produtores que lutam com a dificuldade de comercialização”.
Essa relação horizontal chega na clientela. Nas feiras em que atuam, as pessoas chegam a indagar sobre a técnica de vendas que usam para cativar os clientes na feira orgânica. “Nós apenas olhamos a pessoa como igual, buscamos entender o que ela está precisando e oferecemos o que está precisando. Uma boa palavra bem direcionada: isso gera um sentido único e reflete em nosso resultado”.
Exemplo disso é a bonita relação que construíram com o primeiro cliente da Genki Alimentos do Estado, um senhor que tinha em casa uma esposa com câncer que requeria a alimentação mais saudável possível. Pela falta de certificação, a grande dificuldade desta família era ter a confiança de que aquele alimento de fato seria orgânico. Com o tempo, o cliente não apenas se tornou assíduo, como dizia que a alimentação saudável era um “vício”. O câncer da esposa estabilizou e a criação de laços com a família permanece até hoje, quando também os filhos deste casal se tornaram seus clientes.
“Não é uma simples venda, é a criação de confiança. É fruto não só de um trabalho, mas de um amor. É uma energia positiva muito grande que a gente gera e isso tudo contribui para um bem maior para todos. “
Neste sentido, Fábio e Irene percebem, na prática, sua conexão com a cultura da Economia de Comunhão. Notam que a construção de um mundo mais justo, regenerativo e fraterno começa por suas ações em cada fase do trabalho, em cada pequeno(a) produtor(a), em cada contato com o cliente. É isso que os motiva.
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