O Projeto Crescer, da Instituição Casa do Bom Menino de Arapongas, atende hoje mais de 700 crianças e adolescentes para diferentes aulas no contraturno escolar. A meta de 2021 é chegar a 800 alunas e alunos.
O que começou como uma casa lar para acolher centenas de crianças e adolescentes em 1977, hoje se tornou uma segunda casa para mais de 700 alunos e alunas da rede pública do Paraná. Há mais de 10 anos, a Instituição Casa do Bom Menino de Arapongas desenvolve o Projeto Crescer: um espaço para alunos e alunas do 5º ao 9º ano ampliarem seus estudos e seus potenciais para o exercício da cidadania.
A instituição nasceu por iniciativa do empresário Paulo Hermínio Pennacchi, associado da Economia de Comunhão e entusiasta de sua cultura. “Nosso objetivo era construir a paz”, recorda Pennacchi. Então, a ideia se desenvolveu na casa lar para meninos. “Logo nos primeiros anos, conseguimos multiplicar a casa em mais duas unidades, ficando com três casas que atenderam juntas centenas de meninos que foram adotados ou retornaram para suas famílias”, relembra. A partir de 2009, em parceria com a Universidade Norte do Paraná (Unopar), começaram também a atender meninas.
Mas não pararam por aí. Em busca de aperfeiçoar a instituição e inspirados em outros projetos, decidiram transformar as casas em um contraturno escolar onde alunos e alunas do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental pudessem ter acesso a oficinas cruciais para o seu desenvolvimento pessoal e educacional, como aulas de Língua Portuguesa, matemática, informática, arte/pintura, teatro, capoeira, dança, flauta doce, raciocínio lógico e fanfarra, musicalização, língua inglesa e espanhola, bem como de treino neurolinguístico e cidadania; uma enorme diversidade!
De início, as aulas eram ministradas por voluntários. Hoje, contam com uma equipe com mais de 50 educadores, colaboradores (Administrativos de Serviços gerais, TI, Marketing, Compras, Assistência Social, Financeiro, Secretária, P & D) e toda a equipe supervisora e pedagógica. Sustentar toda essa estrutura somente é possível graças à profunda dedicação da equipe, que trabalha com fôlego e muito amor, e ao apoio das dezenas de patrocinadores, muitos ligados à Lei Rouanet para atender as oficinas de cunho cultural.
“As crianças precisam apenas de oportunidades e elas têm este direito. Portanto, juntamente com a Fiep (Federação de Indústrias do Estado do Paraná), fizemos uma parceria para que elas conseguissem ir além e ganhassem bolsas de estudo no SESI. Temos hoje centenas de jovens formados e fazendo faculdade em diferentes cursos e profissões. Para nós é uma alegria muito grande vê-los crescer e se desenvolver tanto”, afirma com carinho o empresário.
Além das aulas, nos dias de semana, o projeto também serve café da manhã, almoço e café da tarde para os alunos e colaboradores. “Muitos alunos e alunas dependem dessas refeições. Segunda-feira é o dia da semana no qual precisamos preparar mais refeições, pois, infelizmente, as crianças chegam para as aulas com muita fome. Como oferecemos oficinas aos sábados, algumas se inscrevem para mais de uma oficina para poderem lanchar outra vez. Esta é uma realidade”, retrata Pennacchi.
Estudos na pandemia
Com a chegada da pandemia, a Casa do Bom Menino de Arapongas precisou se reinventar para que as centenas de participantes permanecessem ativos nos estudos de forma remota. Daí, surgiu a iniciativa de gravar as aulas. Foram mais de 900 aulas gravadas em um estúdio da cidade e todos os professores aprenderam a gravar e transmitir vídeos para as crianças.
Ademais, para garantirem que todos os alunos e todas as alunas tivessem em casa um aparelho celular ou computador para permanecerem estudando, o projeto realizou uma campanha de arrecadação de aparelhos que foram doados para quem precisava. Em 2021, a ideia é implementar o Ensino Híbrido.
Histórias transformadas
“Kleiton, nunca tinha visto música. Naquela época os professores eram voluntários, e o professor apresentou para ele a flauta doce, que todas as crianças recebem ao entrar no projeto. Bastou uma flauta na mão para que ele aprendesse inúmeras músicas. Durante um evento do projeto, um acionista olhou para ele, viu o seu potencial e conseguiu uma vaga para ele em um conservatório particular para que continuasse seus estudos com afinco. Lá, ele se destacou. Hoje toca em eventos fantásticos, com milhares de pessoas e todos querem ouvi-lo tocar! Além disso, Kleiton estudou Filosofia em Londrina, depois se formou em Direito. Ele tem um grande dom. Dá muito orgulho de ver”, descreve o associado da EdC.
Ele também se recorda das centenas de crianças que já participaram dos eventos artísticos. Pennacchi diz que elas vão para o palco na frente de milhares de pessoas para apresentarem seu teatro, sua arte e poesia, sem vergonha! Relembra de uma menina poetisa com um dom incrível e que deseja ser escritora. “Ela nos acompanhou para recitar uma poesia uma vez em um evento no qual o presidente da Academia de Letras estava presente. Ele virou para ela e disse que um dia ela estaria lá trabalhando com eles. Todos vemos que ela tem um grande potencial”.
Livros que dão esperança
O Projeto é o lar de muitos artistas e escritores mirins. Ano passado, apesar da pandemia, os estudantes escreveram um novo livro inspirados na famosa saga do bruxo Harry Potter. “Mais de 100 crianças participaram da escrita, tudo via WhatsApp, para preservarmos a saúde de todos os envolvidos. Você não imagina a alegria das crianças de pegar o livro e afirmarem ‘eu participei deste livro’,” relata.
O empresário conta que outros livros de poesia, sonetos, de fábulas, já foram escritos anteriormente. “Temos um time que dá gosto de ver o esforço e dedicação. É só dar uma oportunidade e ver como elas aproveitam. Nós recebemos delas muito mais do que oferecemos”, complementa.
Quer conhecer um pouco mais sobre a Instituição Casa do Bom Menino de Arapongas? Entre no site oficial do projeto!
Autor(a): Teresa Breda.