Entre os dias 20 e 26 de julho, no Centro Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande Paulista (SP), jovens de diferentes parte do mundo estão vivendo a Escola Internacional de Economia de Comunhão, uma oportunidade para conhecerem o impacto da Cultura edc no ambiente empresarial, acadêmico e civil. 

Dentre os aspectos que guiam esta cultura, há o que chamamos de 7 linhas para uma gestão com propósito  – uma proposta de Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, no qual a Economia de Comunhão é uma expressão -, onde cada linha é associada a um valor ou aprendizado para uma vida em comunidade mais fraterna e unida. 

Para apresentar o impacto de cada linha, convidamos 7 empresários e empresárias de diferentes continentes e segmentos, para compartilharem suas vivências dentro desse modelo de gestão.  

Empresários, trabalhadores e empresa

Simboliza a comunhão de recursos dentro das empresas. Os empresárias e as empresárias que aderem à edc adotam a comunhão como valor fundamental para a missão empresarial e a identidade da empresa. 

Na prática, o estilo de direção é participativo, coletivo, e quando a empresa obtém lucros, os empresários e os sócios se comprometem em compartilhar esses lucros para destiná-los: à ajuda para pessoas em situação de vulnerabilidade, ao desenvolvimento da empresa, ou seja, à sua consolidação, à melhora da qualidade de bens e serviços e à difusão da cultura da edc.

Maria Elena González, de Assunção, no Paraguai, compartilhou exemplos fortes dessa vivência dentro da sua empresa de higiene profissional, a Todo Brillo. Um deles foi a história de Jorge, um colaborador que cuida da mãe gravemente doente. Sua mãe ficou um tempo no hospital, mas os médicos orientaram que deixasse ela na própria casa, pois não tinham mais o que fazer para ajudá-la. Ele então precisaria se afastar do trabalho para cuidar da mãe, mas Maria Elena decidiu apoiá-lo, oferecendo a estrutura domiciliar necessária para que ele pudesse continuar trabalhando, enquanto sua mãe recebia cuidados adequados em casa.

O relacionamento com os clientes, fornecedores, financiadores, a sociedade civil e os sujeitos externos

As empresas edc buscam construir relacionamentos saudáveis com todo o corpo de pessoas que compõem suas atividades, sejam colaboradores, clientes, fornecedores, e até mesmo concorrentes e instituições. Com bons relacionamentos, é possível promover o Bem Viver para a equipe e à comunidade ao redor.

Adriana Valle, da padaria Espiga Dourada, contou a história da padaria, localizada na Mariápolis Ginetta. Ela compartilha que começaram vendendo pão na estrada, sendo motivadas por Ginetta Calliari e inspiradas pelas palavras de Chiara Lubich sobre transmitir amor a todos. Com a vivência do alaranjado, construíram bons relacionamentos e conseguiram construir uma padaria com a estrutura necessária para as atividades. 

Hoje, com 30 funcionários, dão atenção especial à contratação de mães e jovens em busca de trabalho, além de patrocinarem os times de futsal da SMF, vendem o pão francês mais barato da região e, às 5h30, recebem pessoas em vulnerabilidade social para trocar pão por flores.

Espiritualidade e Ética

O trabalho da edc é visto como uma oportunidade de crescimento não só profissional, mas também espiritual e ético. Os empresários e as empresárias firmam o compromisso de respeitar as leis, a dignidade das pessoas e os valores culturais de cada uma.

German Miguel Jorge, empresário argentino do ramo de construção, relatou que se recusou a pagar propina para conseguir um grande contrato de fornecimento para 500 casas. Disse não ao suborno mesmo sabendo que perderia a venda. Para ele, a ética da edc é “fazer o que é certo quando ninguém está vendo”. E, mesmo com essa decisão, nunca faltou trabalho à sua empresa e novas oportunidades surgiram.

Qualidade de vida, felicidade e relações

Um dos objetivos fundamentais de uma empresa edc é formar uma comunidade. Como? Promovendo relacionamentos verdadeiros, a partir de encontros periódicos para verificar a qualidade dos relacionamentos interpessoais e ajudar a resolver situações de conflito. Mas não só: é dada uma atenção especial à saúde física, ao esporte e ao cuidado com o meio ambiente, já que a comunhão abraça também a natureza e a corporeidade.

Sun Lim (carinhosamente conhecida como Sole) é empresária edc na Coreia do Sul e está à frente de um negócio familiar de 3 gerações: a Sungsim. Para viver mais a fundo a cultura edc, ela desenvolveu um modelo de gestão chamado Projeto Arco-Íris, tendo como braço do Verde a iniciativa Eco-Sungsim. De forma concreta, a iniciativa realiza um dia mensal para descarte correto de baterias usadas, pacotes e madeiras, e fazem a reciclagem de caixas de leite. 

Sole explica que esse processo de reciclagem é muito importante porque, primeiro, começam pela própria empresa, depois incentivam a comunidade que transforma as caixas de leite em papel higiênico, para então os clientes trocarem as caixas de leite pelo papel higiênico. “Esse trabalho não é só para nós, é também para a comunidade”.

Harmonia no ambiente de trabalho

Os ambientes são expressão da harmonia dos relacionamentos, portanto são parte das relações empresariais. A atenção à higiene e organização colaboram para a harmonia entre a equipe, clientes, fornecedores e visitantes, para que todas as pessoas se sintam bem-vindas.

Na prática, trabalhamos para garantir o respeito às normas de segurança, ventilação necessária, níveis toleráveis de barulho, iluminação adequada e tudo o que facilita a qualidade de vida dos trabalhadores.

Rogério Cunha, dono de uma pizzaria em Manaus (AM) chamada Loppiano Pizza, explicou que o ambiente da sua empresa é construído para ser acolhedor para todas as pessoas. Para isso, plantaram árvores na calçada e tem cuidado especial na formação de cada colaborador sobre missão, visão e valores, com ênfase na fraternidade. E Rogério conta que o ambiente interno é tão harmonioso que os colaboradores se expressam até dançando, o que impacta positivamente também no relacionamento com os clientes.

Formação, instrução, sabedoria

As empresas cultivam a formação e o crescimento humano e profissional de todos os seus integrantes, ou seja, as empresas edc favorecem entre os seus membros a instauração de um clima de confiança recíproco, no qual seja natural colocar livremente à disposição os próprios talentos, ideias e competências em favor do crescimento profissional dos colegas e para o progresso da empresa, assim como incentivá-los ao crescimento profissional.

Yecid Chilito Penagos, da associação campesina colombiana Acedeco Padevi, contou a trajetória inspiradora de Rosa, colaboradora que começou trabalhando na limpeza, passou pelo caixa e, hoje, tornou-se pilar da empresa. Mãe de dois filhos, sendo um com dificuldades de aprendizagem, ela inspira outros jovens da equipe. Muitos afirmam que foi graças à edc que encontraram espaço para crescer profissional e pessoalmente.

Comunicação

A importância na comunicação sincera e constante entre todas as partes envolvidas na empresa, por isso os empresários edc trabalham constantemente para criar momentos de bate-papo, de prestação de contas, entendendo que cada membro é um pilar da empresa. 

Mônica Pairone é empresária junto com seu esposo Gregório Pellegrino, na editora italiana Effata, e compartilhou a experiência de inserirem ações da cultura edc gradualmente na empresa. E como a comunicação está presente nas alegrias e nos desafios, ela compartilhou que, durante um momento de crise, decidiram abrir as contas da empresa para os colaboradores, mostrando exatamente quanto havia disponível no banco. Quando superaram a situação crítica, celebraram com um bolo escrito “dívidas”, cortando-o simbolicamente. Segundo Mônica, essa transparência constrói uma relação de confiança.

Cada cor nos ensina algo e todas se complementam na vivência da Cultura edc. A Escola Internacional de Economia de Comunhão continua, mas já podemos colocar em prática.

Acompanhe cada passo da escola pelo nosso Instagram @edcomunhaobr.