Após seis meses de intensa jornada, marcada por oito encontros virtuais, vinte líderes concluíram o percurso Caminhos da Liderança, promovido pelo Projeto Amazônia Viva, com chegada no dia 24 de novembro e encerramento no dia 27. O programa pode ser definido como uma experiência que uniu aprendizado teórico e práticas transformadoras, proporcionando aos participantes uma vivência profunda e significativa.

Vindos do Pará e do Amazonas, esses líderes (entre 18 e 63 anos) percorreram temas essenciais para sua formação, como o mapeamento da identidade – um processo de enraizamento interior –, além de práticas de escuta ativa, entendida como uma escuta que cura e que se abre também à voz da natureza. Refletiram sobre a Economia de Comunhão, explorando valores como coerência, fraternidade e reciprocidade, e foram convidados a transitar entre conceitos e experiências que fortalecem a vida comunitária.

O percurso incluiu ainda aprofundamentos práticos, nos quais cada participante elaborou e apresentou seu próprio projeto de intervenção, recebendo contribuições e sugestões de melhoria dos demais colegas. Essa troca consolidou o espírito colaborativo e ampliou o impacto das iniciativas.

Os objetivos centrais do programa foram:

  • Capacitação de Líderes: formar líderes exemplares, capazes de inspirar e atuar como cidadãos conscientes em suas comunidades.
  • Desenvolvimento Integral: oferecer ferramentas que promovam o crescimento pessoal e profissional, equilibrando competências técnicas e humanas.
  • Promoção da Responsabilidade: cultivar líderes íntegros e resilientes, preparados para enfrentar desafios com determinação, empatia e amor.

Dia 1 – Chegada e Reconexão

O primeiro dia foi marcado pelo reencontro com a essência. O café de boas-vindas trouxe não apenas alimento, mas também o gesto simbólico de lavar juntos os utensílios, lembrando que liderança começa no cuidado com o simples. Na cerimônia “Raízes e Sementes”, cada participante recebeu seu kit e deixou no mural vivo suas expectativas e bagagens. Foi um ato de plantar sonhos coletivos.

À tarde, entre danças, dinâmicas e apresentações de projetos, emergiu a força da escuta e do compartilhamento. À noite, o sarau cultural “Despertar das Lendas” uniu vozes da comunidade e dos líderes, mostrando que histórias e músicas também são sementes de transformação.

Dia 2 – Eu Comigo

O amanhecer trouxe silêncio e respiração, preparando o corpo e a mente para o mergulho interior. Na dinâmica dos “Sabotadores e Forças de Caráter”, cada fragilidade foi reconhecida como um “animal interno”, e cada virtude como um “dom da mata”. Foi um exercício de autoconhecimento profundo, onde cada líder pôde enxergar sua potência e seus limites.

À tarde, a bioenergia ativou o corpo e os projetos voltaram à cena, agora com mais consciência e clareza. A roda de avaliação “Que bom, que pena, que tal…” encerrou o dia com reflexões sinceras, revelando que o caminho da liderança também é feito de vulnerabilidade e aprendizado.

A Roda de Terapia Comunitária Integrativa teve um espaço importante e fortaleceu o clima de diálogo e confiança, fundamentais em uma lógica transformadora.

Dia 3 – Eu com o Outro

A prática de Comunicação Não-Violenta trouxe ferramentas para transformar relações em pontes de confiança e possibilitou acessar e partilhar um conflito interior. E, na celebração final, certificados foram entregues não apenas como reconhecimento formal, mas como símbolo de uma jornada vivida em comunhão.

Foram dias  vividos mais que um roteiro: foram um caminho de florescimento humano. Do gesto simples de lavar um copo à profundidade de reconhecer forças internas, da escuta das lendas à prática da gratidão, cada passo revelou que liderança na Amazônia Viva é feita de cuidado, presença e unidade.

Ao final, cada participante saiu não apenas com projetos apresentados, mas com uma consciência renovada: liderar é tecer redes de vida, onde o eu encontra o outro e juntos se tornam comunidade.